Ontem lendo alguns jornais online, mais precisamente quatro, em todos em destaque havia a matéria relatando a agressão sofrida por Sirlei de Carvalho, para mim não interessa se Sirlei é doméstica, desempregada, advoga ou engenheira, o que importa é que é um ser humano e aquilo que eu não quero que aconteça a mim nem aos que me são queridos, eu também não quero que aconteça a ela, ao João Hélio, ao homem mais rico do mundo, nem ao mendigo da esquina.

Para quem não sabe, quase impossível, Sirlei foi espancada na madrugada de sábado na Barra da Tijuca no Rio de Janeiro enquanto esperava o ônibus, por volta de 4 e pouco da matina, tentando chegar na cnsulta médica em Duque de Caxias. A jovem de 32 anos foi agredida brutalmente por cinco jovens da classe média alta que só estão presos porque um taxista anotou a placa do veículo o qual eles estavam.

Lendo todas as matérias, notei dois pontos, o primeiro é como toda vez que referem-se a Sirlei a palavra doméstica está associada ao seu nome como se fosse parte do mesmo ou como se a profissão definisse a pessoa, mas o mais preocupante é notar que é utilizada como mais uma vara que cutuca a sociedade, dando quase a entender que a jovem foi agredida por ser doméstica.

O segundo ponto foi ler em todas as matérias a referência a revolta dos participantes do Orkut em relação aos cinco jovens, eu também estou revoltada com a agressão, com a barbarie que ocorreu, mas curiosa que sou, resolvi dar uma olhada no porque de todos os jonais tocarem nesse ponto do Orkut.

Primeiro coloquei na busca um nome e por coincidência ou não, cai em uma página de um jovem cujo primeiro e o segundo nome era igual ao de um dos agressores, porém o último nome era diferente. As pessoas que ali deixaram suas mensagens de revolta nem mesmo pesquisaram um pouco que fosse para ver que aquele indíviduo, que estava sendo agredido grosseiramente com palavras, não era o mesmo que agrediu a jovem no ponto de ônibus.

Isso me chocou e resolvi então verificar a comunidade do condomínio onde os agressores moravam, a revolta é tanta, que para muitos que utilizam aquele espaço para expressar sua indignação, é como se todos os moradores daquele local tivessem de alguma forma agredido Sirlei, como se a população carioca, tivesse participado do ocorrido.

As pessoas colocam links para perfis de amigos dos jovens, parentes e até mesmo para pessoas com o mesmo sobrenome e todos estão sendo agredidos e isso me fez pensar que se alguém que está na minha lista de amigos/conhecidos cometer algum crime, naquele espaço, no Orkut, poderei ser julgada tão culpada quanto o criminoso.

Aos 30&Alguns vejo essa situação com muita preocupação, eu, assim como você, acho que os agressores devem pagar pelo ato que cometeram, não quero vê-los impunes da mesma forma que ficaram os rapazes que queimaram o índio em Brasília em 1997, mas também vejo que anos de indiferença, toda essa corrupção e impuidade sendo esfregadas em nossos rostos diariamente está causando uma revolta tão grande que a qualquer momento a justiça que irá imperar será a do olho por olho, dente por dente, que já acontece em milhares de lugares no nosso país.

O trem está correndo desgovernadamente pelos trilhos, nós parecemos estar da janela ou da varanda acenando como se não estivessemos percebendo a catastrofe que ele irá causar quando descarrilhar. Mais uma vez, só tenho a dizer que tudo isso é lamentável, mas espero que a justiça seja feita em nome de Sirlei que poderia ser eu, você, sua mãe ou sua irmã.

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By Veri Serpa Frullani

Veri Serpa Frullani, brasileira, mãe e esposa, atualmente vive em Dubai, já morou em Nova York, São Paulo e Rio de Janeiro. Bacharel em Turismo, produtora multimída, escritora, designer de acessórios, também é editora do Portal Vida Adulta, do Geek Chic e do Firma Produções. Já editou os extintos Brazilians Abroad e Comida Brasileira. Veri Serpa Frullani tem presença e influência na internet desde 1999, já foi colaboradora de vários projetos e sites, entre eles TechTudo, Digital Drops, Olhar Digital e dos extintos Nossa Via e Deusario.

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