gravidez

A gravidez tem impacto profundo na glândula da tireoide e sua função. Durante o período gestacional, a glândula sofre um aumento de 10% em seu tamanho, isso em países com nutrição de iodo adequada. Em áreas com deficiência de iodo, esse aumento é de 20% a 40%. A produção dos hormônios tiroxina (T4) e triiodotironina (T3) aumentam em cerca de 50%, conjuntamente com um aumento de 50% também nas necessidades diárias de iodo. Essas mudanças fisiológicas ocorrem perfeitamente em mulheres saudáveis, porém a disfunção tireoidiana pode ocorrer em muitas grávidas em razão de processos patológicos. Além disso, podem surgir nódulos e câncer, e o acompanhamento adequado tem de ser feito. Portanto, a investigação antes e durante a gravidez e no pós-parto é tão necessária.

Em 2017 a Associação Americana de Tireoide (American Thyroid Association – ATA) publicou a segunda versão das diretrizes de 2011 revisam agora: interpretação dos testes de função tiroidiana durante a gestação, necessidade de iodo na alimentação; complicações associadas com a presença de anticorpos antitireoidianos circulantes; investigação de disfunções tiroidianas em mulheres inférteis; tratamento do hipotireoidismo na gestação; efeitos das diferentes disfunções sobre o feto e neonato; como lidar com as disfunções no período de amamentação; necessidade/viabilidade de se fazer ou não rastreamento de doenças tiroidianas em todas as gestantes. as complicações na tireoide durante a gestação são problemas clínicos comuns.

O estudo sobre Insuficiência iódica em gestantes paulistas , realizado na região de Ribeirão Preto, mostrou níveis de iodo na urina compatível com deficiência leve/moderada em 57% das gestantes se comparados com os de mulheres não gestantes. Segundo o Dr. João Roberto Maciel Martins, diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP), fazer o diagnóstico e tratar corretamente disfunções tiroidianas durante a gestação tem importância fundamental para a saúde da grávida, do feto e do neonato. Assim, hipotireoidismo não tratado está associado tanto ao retardo do desenvolvimento fetal como ao surgimento de complicações obstétricas (abortamento e trabalho de parto prematuro, por exemplo). Além disso, a simples presença de anticorpos antitireoide séricos aumenta as taxas de infertilidade feminina e, nas gestantes, aumenta a chance do desenvolvimento de disfunções tiroidianas durante a gravidez, bem como pode se associar a complicações peri-parto.

Algumas recomendações são feitas de forma mais enfática nesta nova diretriz, como por exemplo:

– Estabelecer um nível de corte mais conservador para o limite superior do TSH (hormônio estimulante da tireoide produzido na hipófise) usado para diagnóstico de hipotireoidismo (TSH<4,0 mUI/L) para aqueles serviços/locais que não disponham de um valor de referência específico para cada trimestre da gestação;

– Recomendar também a suplementação com iodo (150 microgramas/dia) nas regiões geográficas consideradas como deficientes leve/moderadas desse elemento (iodo urinário médio da população 50-149 microgramas/L de urina);

– Estabelecer, de forma mais clara, os valores de TSH e a presença de anticorpos antitireoide para os quais seria recomendada a reposição com levotiroxina em pacientes com hipotireoidismo subclínico;

– Retomar a discussão da necessidade de mudança das drogas antitireoidianas usadas para tratamento do hipertireoidismo, após o 2° trimestre da gestação.

O Dr, Maciel ainda salienta que um hipertireoidismo não tratado também pode ocasionar as mesmas complicações obstétricas descritas acima, além de poder causar hipertireoidismo fetal ou neonatal devido à passagem transplacentária (da mãe para o feto/neonato) de anticorpos estimuladores da tiroide, quando o hipertireoidismo materno for decorrente da doença de Graves (uma forma relativamente comum de doença autoimune em mulheres em idade fértil).

Estima-se (Maternal Thyroid Disease and Preterm Birth: Systematic Review and Meta-Analysis) que as disfunções tiroidianas (hipotireoidismo e hipertireoidismo) ocorram em 3-4% das gestantes, enquanto as formas subclínicas dessas disfunções podem atingir número ainda maior de mulheres (ao redor de 10%).

By Veri Serpa Frullani

Veri Serpa Frullani, brasileira, mãe e esposa, atualmente vive em Dubai, já morou em Nova York, São Paulo e Rio de Janeiro. Bacharel em Turismo, produtora multimída, escritora, designer de acessórios, também é editora do Portal Vida Adulta, do Geek Chic e do Firma Produções. Já editou os extintos Brazilians Abroad e Comida Brasileira. Veri Serpa Frullani tem presença e influência na internet desde 1999, já foi colaboradora de vários projetos e sites, entre eles TechTudo, Digital Drops, Olhar Digital e dos extintos Nossa Via e Deusario.

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