Apesar de diminuírem o colesterol, isso não significa real ganho de saúde e estudos científicos comprovam esta tese

Desde que idealizou o site Emagrecerdevez.com, que Rodrigo Polesso dedica-se, não apenas a ajudar as pessoas a emagrecer, mas quebrar mitos relacionados a dietas e perda de peso, que se disseminam sem comprovação científica. E um dos mitos bastantes conhecido é justamente o de que gordura saturada faz mal à saúde. “Acho importante derrubar esses mitos sobre alguns tipos de alimentos, que começam a circular sem evidências científicas, para que as pessoas possam se apoiar nestas informações e tomar as próprias decisões a respeito da sua vida, estilo de vida, da sua saúde e boa forma”, defende Polesso.

Um dos mitos é justamente o de que as gorduras saturadas são grandes vilãs para qualquer dieta. Essa ideia surgiu há aproximadamente quatro décadas e foi levantada por um médico chamado Ancel Keys. A partir de observações, Keys deduziu que quem tinha problema de entupimento das artérias, ou ataques cardíacos estavam com altas taxas de colesterol, logo, ele atribui o fato ao consumo de carne e gorduras saturadas viravam essa gordura encontrada no organismo e originavam os problemas cardíacos.

A gordura saturada sempre esteve presente na dieta humana. Elas estão disponíveis no côco, nas carnes, manteiga, laticínios e até no leite materno. No leite materno, inclusive, a gordura saturada é a maior parte das gorduras do leite, seguidas das gorduras monoinsaturadas. “Faz sentido a gordura saturada causar morte e doença, se ela faz parte da composição do leite materno e nos alimentos mais nutritivos do mundo?”, questiona Polesso.

Essa análise evolutiva, segundo o especialista, já nos faz olhar para essa tese com outros olhos. O que existe de científico sobre este misto são estudos que associam gorduras saturadas a problemas cardíacos. “Esses estudos são observacionais, são prospectivos. Agora, por que uma pessoa que come bastante gordura saturada, hoje em dia, tende a ter problemas? Porque junto com a gordura saturada, ela provavelmente também consome muito açúcar, não se exercita com regularidade, fuma ou toma bastante álcool. Assim, uma pessoa que consome muita gordura saturada tende a não ter hábitos saudáveis no geral. Por isso que quando se compara pessoas que comem muita gordura saturada, com aquelas que consomem pouco e mantém melhores hábitos alimentares, é óbvio que as pessoas que se cuidam vão apresentar resultados melhores”, conclui Polesso.

Este tipo de pesquisa baseada em estudos observacionais produz poucas evidências relevantes, ao contrário de ensaios clínicos randomizados, que mostram relações de causa e efeito. Em 2015, o Jornal Britânico de Medicina publicou revisão de vários estudos observacionais sobre o papel das gorduras saturadas na saúde das pessoas. Em sua conclusão, o jornal revela que gorduras saturadas não estão associadas com mortes de todas as causas, doenças cardiovasculares, infarto ou diabetes tipo 2, porém a evidência é heterogênea, devido à limitação de metodologia. “Eles já dizem que estudos prospectivos têm uma metodologia muito limitada, analisando tipos de pessoas e não se, realmente, a única alteração na dieta é a gordura saturada”, explica Polesso.

No ano de 2016, o mesmo Jornal Médico Britânico publicou revisão de ensaios clínicos randomizados, que produzem evidências mais relevantes que os prospectivos. Nesta pesquisa, foram analisados dados de quase dez mil homens e mulheres que participaram de estudos onde foi feita a substituição da gordura saturada na dieta por gorduras poli-insaturadas, ou seja, retirou-se as gorduras animais, como banha de porco e manteiga, colocando no lugar manteiga e óleo de milho.

O grupo que substituiu com óleos vegetais reduziu consideravelmente o colesterol no sangue comparado com o gruo que continuou comendo gordura saturada. No entanto, os gráficos mostraram que não houve benefício algum a respeito de mortalidade com estes resultados. Aliás, teve um aumento de 22% do risco de morte para cada 30mg/dl de redução de colesterol no sangue.

“Quanto menor o colesterol, neste estudo, maior o risco de morte. Este é outro mito o de que o colesterol é nosso inimigo, mas não é isso. Há muita confusão e falsas informações sobre este assunto. Ele é essencial para a saúde humana. Assim, o estudo conclui que não existe evidência do benefício de se substituir gorduras saturadas por poli-saturadas no sentido de entupimento das artérias ou infarto do miocárdio”, explica Polesso.

A pesquisa ainda revela que as evidências disponíveis de ensaios clínicos randomizados mostram que substituir gordura saturada por gordura insaturada abaixa de fato o colesterol no sangue, mas não suporta a hipótese de que isso significa risco mais baixo de mortes de doenças cardíacas ou morte de todas as causas. Esses achados só adicionam a um crescente corpo de evidências de que a publicação incompleta de dados tem contribuído para um exagero dos benefícios de substituir gordura saturada por óleos vegetais.

“Parece que a natureza novamente estava certa e proveu pra gente o alimento correto. A gordura saturada que está disponível na natureza desde sempre é inofensiva ao nosso corpo, ao contrário das gorduras poli-insaturadas, encontradas em óleos vegetais feitos pela indústria. Na dúvida, façam como nossos avós, bisavós que consumiam manteiga, carne de gado, banha de porco, gorduras saturadas e fornecidas pela mãe natureza”, finaliza Polesso.

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