Quando eu era pequena a pessoa mais legal que tinha na família era o meu avô materno, eu amava o meu avô paterno, mas eles eram muito diferentes, um era sério, um homem de negócios e o outro era músico.

Quando ele era jovem, meu avô tocava em Cassino, na época quando havia cassinos no litoral paulista, chegou a tocar com várias pessoas conhecidas como Ângela Maria, foi professor da Maysa e de mais uma centena de gente conhecida e desconhecida, assim como eu e você.

Antes mesmo do Silvio Santos inventar o “quem quer dinheiro?”, meu avô, no final da década de 70, início da década de 80, já tinha lançado essa moda, nas datas festivas, quando ele não tinha dinheiro para comprar presentes para todas as crianças, ele era o mais criativo, chegava com várias notas de cruzeiros e jogava pra cima, nós, as crianças adorávamos, afinal ele nos dava dinheiro e pensávamos que ele era rico.

Meu avô imitava o Tim Tones, toda vez que íamos visitá-lo, na hora de ir embora ele corria atrás do carro e nós, crianças, davamos muitas gargalhadas, tocava violão e dizia para as netas fazerem ginática olímpica no ritmo da música (nenhuma era ginasta) e no final ele dizia “mãozinha”e nós tínhamos que parar naquela pose final de ginasta, sabe?

Meu avô compunha música para os netos, filhos e amigos, tocava violão extremamente bem, a maior alegria era vê-lo tocar música flamenca e no meio jogar o violão pra cima, esse rodopiava e caia novamente em suas mãos e ele continuava tocando. Por suas influências as crianças da minha família desde pequenas sabiam cantar músicas de Vinícius, Chico, Pixinguinha, Tom , entre outros.

Ele também tocava baixo, contra-baixo, bateria, guitarra e piano, não é a toa que na minha família tudo sempre foi regado a muita música, minha tia cantou durante anos no coral da Petrobrás, meu tio toca um piano “jazzeado” como ninguém, minha mãe tem um voz linda assim como a minha irmã e o meu irmão é músico, viaja por aí fazendo shows.

Hoje meu coração está partido, meu vovô Baby acabou de falecer e eu só queria dizer para ele que eu sei que lá no céu ele tem muita gente boa festejando sua chegada, a festa está apenas começando, ele agora vai reencontrar a esposa, os irmãos, os amigos e eu aproveito para pedir, que daqui muitos, mas muitos anos (se Deus quiser), quando chegar a minha hora, que ele toque o violão, assim vou saber onde ir e irei cantando…

Lupércio de Assumpção Mattoso
16.05.1912 – 21.09.2007

By Veri Serpa Frullani

Veri Serpa Frullani, brasileira, mãe e esposa, atualmente vive em Dubai, já morou em Nova York, São Paulo e Rio de Janeiro. Bacharel em Turismo, produtora multimída, escritora, designer de acessórios, também é editora do Portal Vida Adulta, do Geek Chic e do Firma Produções. Já editou os extintos Brazilians Abroad e Comida Brasileira. Veri Serpa Frullani tem presença e influência na internet desde 1999, já foi colaboradora de vários projetos e sites, entre eles TechTudo, Digital Drops, Olhar Digital e dos extintos Nossa Via e Deusario.

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