Com os avanços tecnológicos, nós, crias da época do telefone fixo e das cartas nos deparamos com aplicativos como o WhatsApp que nos permitem falar, muitas vezes em tempo real, com amigos, clientes, parentes e com pessoas nos mais diversos grupos que participamos e assim acabamos chegando no Grupo de Mães da Escola.

O que me trouxe até esse texto, foi o post de uma amiga dizendo odiar grupos de mães, seja da escola, do cursinho, do clube, etc. Ora bolas, o objetivo de todo e qualquer grupo de mães, que não sejam amigas, seria em tese receber e compartilhar notícias pertinentes ao tópico específico, seja escola, curso de inglês ou clube, facilitando as relações, permitindo que haja uma interação de forma privada, possibilitando a troca de informações relacionadas ao dia a dia das crianças no ambiente específico a que o grupo supostamente se refere.

Se for utilizado de forma inteligente obviamente pode ajudar a tratar rapidamente de assuntos que envolvem a escola,  fortalecendo as relações de convívio. Podem ser utilizados para divulgar programas culturais infantis, ajudar quem precisa de carona, relembrar quando haverá algum evento importante relacionado a escola ou a um dos alunos, troca de informações sobre surtos de doenças e vacinas, enfim, quando utilizado corretamente pode servir como uma ajuda aos pais, sendo assim muito positivo.

O problema começa quando o aplicativo deixa de ser usado para esses fins, quando os achismos passam a fazer parte das conversas levando a um disse-me-disse desnecessário que muitas vezes acaba gerando situações desagradáveis, onde a escola acaba sendo informada indiretamente de forma distorcida sobre os fatos.

O disse-me-disse geralmente acaba gerando estigmatizações, prejulgamentos superficiais de situações ou pessoas e infelizmente nem sempre a escola ou os pais envolvidos tentam ou conseguem esclarecer de forma efetiva o que realmente aconteceu.

Diferente dos grupos de familiares ou amigos, o grupo de mães da escola inicialmente é formado por pessoas que apenas tem em comum um filho na mesma turma, são pessoas que não se conhecem verdadeiramente, que podem ou não ter afinidades, a mesma classe social, frequentarem os mesmos lugares, compartilharem da mesma ideologia, entre tantos outros fatores e essas pessoas tão diversas estão ali, no mesmo local, no mesmo grupo.

Com isso em mente os pais devem pensar muito bem antes de compartilharem uma informação que tenham recebido de um filho, principalmente se for pequeno. Se o filho relata que foi agredido, deve-se conversar, questionar as circunstâncias em que o fato ocorreu e após ter certeza, refletir se o assunto deve ser levado ao grupo, ao responsável pela outra criança em conversa privada ou a escola. Será que é realmente necessário levar o assunto ao grupo?

Se algo da criança sumiu na escola, ao invés de iniciar reclamando no grupo, perguntar na escola, e se ali não encontrar uma resposta satisfatória, pergunta-se com educação e sem acusação no grupo, pois algo que some não significa necessariamente que tenha sido roubado.

Como em todo grupo sempre deve-se ser levado em conta o respeito, barracos entre mães não devem serem feitos no grupo, se você tem aquela pessoa no grupo, você tem condições de contatá-la no particular e tentar resolver o seu problema dessa forma. A diferença se dá quando uma determinada criança constrange ou reprime as demais, o ideal seria a escola contornar o problema com os pais e muitas vezes quando isso não ocorre as mães das crianças que sofrem a maldade atacam a mãe da criança maldosa no grupo.

Indisposições e inimizades muitas vezes são criadas desnecessariamente, alguns assuntos devem ser tratados pessoalmente, infelizmente alguns pais não escutam o que os outros tem a dizer, mas nem por isso o grupo tem que ser envolvido no problema. Alguns problemas são criados até mesmo por pais que ao invés de perguntarem a um dos pais envolvidos na discussão em particular o que aconteceu, jogam a pergunta no grupo. Bom senso nunca fez mal a ninguém.

E falando em bom senso, também já deparei-me com reclamações de pais sobre grupos de mães da escola devido a quantidade de mensagens que recebem que não são pertinentes ao que o grupo se destina. Se os participantes se aterem a utilizarem o espaço para trocas de informações, lerem e interpretarem de forma isenta o que uma das mães escreve, evitariam achismos, barracos e constrangimentos.

Você fez uma viagem com a sua família, está se divertindo, não precisa enviar 10 mil fotos no grupo, fez um passeio legal e quer compartilhar com as outras mães, envie uma foto mostrando um momento que ache necessário ser compartilhado. Você vende determinado produto, não é necessário encher o grupo de imagens do que está vendendo, basta informar que representa tal marca e pedir para quem tiver interesse entrar em contato no particular.

Nem todas as mães tem tempo de lerem 100 mensagens apenas desse grupo específico, algumas estão ali por educação e tentam não perder algum assunto pertinente a escola, lembre-se é o grupo de mães da escola, não é o grupo das amigas da faculdade, nem das suas amigas que são mães. Para isso crie pequenos grupos com as mães que tem mais afinidade e nesses grupos trate do assunto que quiser, só tome cuidado para não criar “uma gangue” que ataca o grupo oficial de mães da escola.

Acredito se as regras básicas de relacionamento e de utilização dos espaços digitais forem seguidas, pessoas que odeiam grupos de mães da escola, mudarão de opinião. Com certeza se as pessoas pensarem antes de escrever e se escreverem no grupo apenas aquilo que teriam coragem de dizer cara a cara para a outra pessoa, inúmeros constrangimentos seriam evitados.

E lembre-se, se você pode fazer algo, gastar X valor com o seu filho, não significa que todas as mães do grupo também possam. No final, como sempre, a empatia evita a maioria dos problemas que acontecem. Coloque-se no lugar do outro antes de falar, comentar e principalmente atacar.

By Veri Serpa Frullani

Veri Serpa Frullani, brasileira, mãe e esposa, atualmente vive em Dubai, já morou em Nova York, São Paulo e Rio de Janeiro. Bacharel em Turismo, produtora multimída, escritora, designer de acessórios, também é editora do Portal Vida Adulta, do Geek Chic e do Firma Produções. Já editou os extintos Brazilians Abroad e Comida Brasileira. Veri Serpa Frullani tem presença e influência na internet desde 1999, já foi colaboradora de vários projetos e sites, entre eles TechTudo, Digital Drops, Olhar Digital e dos extintos Nossa Via e Deusario.

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