Quando leio nos jornais que nosso PIB está bem, que a economia vai de vento em poupa, sinto que fica faltando alguns dados nesta mega potência que o Brasil tem se transformado. Fala-se muito em escola para todos, redução zero de índice de analfabetismo, fome zero. Sinceramente, não vejo melhoria neste sentido.

Não vou nem mirar este texto no assunto saúde e fome. Acho que precisaria de várias linhas pra dizer tudo que está engasgado. E dizer só, pra mim, hoje em dia não basta mais. Fica redundante criticar.

O que me revolta é a falta de educação do brasileiro. Em todos os aspectos. Tenho a impressão que estamos involuindo, regredindo mesmo. Não se tem respeito por muitas coisas neste país.

Faça um teste, saia às ruas, pegue um ônibus, dê uma volta de carro, vá ao supermercado. As pessoas perderam o sentido do coletivo, de que seu direito termina quando começa o do outro. Aqui o primeiro é meu, o segundo também e, se der, eu deixo um pouco pra você, ok seu otário! É assim que eu me sinto.

Eu que moro no Rio de Janeiro e voltei de uma viagem longa aos Estados Unidos, senti a diferença na hora. É falta de um simples bom dia, que já virou um monólogo, já que raramente te respondem de volta, nem que seja um “só se for pra você”. É a gentileza no trânsito, de não ser xingado gratuitamente de filho da puta ao reduzir a velocidade numa via que pede que a velocidade seja reduzida; de falar baixo ou mais reservadamente ao celular ou vocês acham que eu devo saber que a mulher  transou com o amante até as três da manhã até ele broxar na quarta vez ? é, supermercado, foco de um belo estudo sobre o comportamento humano.

A gente vive num país onde alguém que encontra uma mala de dinheiro num táxi, por exemplo, e que devolve este dinheiro, é ovacionada na mídia, quando na verdade deveria ser uma atitude normal. Se não é seu, devolva. Simples assim.

A gente vive num país onde roubar é permitido, porque aqui é permitido roubar. Cofres públicos, planos de saúde exorbitantes de caro, sempre é pensado uma forma de se dar bem, sabe o famoso jeitinho brasileiro?

A gente vive num país onde as Leis existem, ainda que com falhas, mas que não são cumpridas. Aliás, como a gente tem Leis neste país, mas que na hora do vamos ver, não funcionam de nada. Veja a lei do silêncio, por exemplo. Uma amiga mora numa rua residencial onde num determinado dia da semana rola um pagode, com o som nas alturas até altas horas da madrugada. Isso é certo? Cadê a fiscalização? E eu não sou Caxias, pelo contrário, sou a favor da festa, da diversão, mas tudo tem seu lugar e seu momento.

Nós temos um dos Congressos mais caros do mundo, onde deputados e senadores que teoricamente estariam lá pra nos representar e melhorar nossas vidas, só pensa em se eleger ou reeleger e ganhar rios de dinheiro e benefícios mil. Porque não fazemos igual à Suécia, onde não se tem direito a nada, privilégio algum. Dúvido que assim fosse teríamos estes quinhentos e tantos deputados em Brasília. Iria sobrar vaga a ser preenchida.

É muito complicado lidar com esta falta de cuidado que temos por aqui. Não acho que você tenha que gostar de todo mundo, que você tenha que ser solidário com todas as mazelas do mundo,  que você tenha que ser bem humorado o tempo inteiro, até porque ninguém é, mas eu acredito que você tenha que respeitar todo mundo sim, que você tenha que ser educado sim, que o coletivo é parte fundamental no processo de civilização e que sem isso, do jeito que está, teremos muito rapidamente, num futuro próximo, uma forte tendência a virar terra de ninguém.

By Veri Serpa Frullani

Veri Serpa Frullani, brasileira, mãe e esposa, atualmente vive em Dubai, já morou em Nova York, São Paulo e Rio de Janeiro. Bacharel em Turismo, produtora multimída, escritora, designer de acessórios, também é editora do Portal Vida Adulta, do Geek Chic e do Firma Produções. Já editou os extintos Brazilians Abroad e Comida Brasileira. Veri Serpa Frullani tem presença e influência na internet desde 1999, já foi colaboradora de vários projetos e sites, entre eles TechTudo, Digital Drops, Olhar Digital e dos extintos Nossa Via e Deusario.

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