Engraçado, muitos fatos e momentos da infância são apagados da memória como se nunca tivessem existido, já outros permanecem lá, como uma tatuagem, grudado na mente e muitas vezes quando relatamos o fato lembrado e adicionamos nossa idade a lembrança, as outras pessoas ainda indagam: “mas você lembra disso?”.

O dia que a boneca gente chegou na minha casa eu lembro e digo mais, não fiquei nenhum pouco feliz. Foi um preparatório todo para ir visitar a minha mãe no Hospital, até bobs a babá colocou no meu cabelo no dia anterior para eu estar bem bonita na hora em que fosse apresentada a ela.

Ela não era falante, muito pelo contrário, demorou muito a falar, minha mãe preocupada, depois de meses acabou levando-a ao médico, que explicou que ela não tinha problema algum, apenas não queria falar, quando desse vontade, iria comunicar-se.

Nos primeiros momentos de sua vida, foram os primeiros momentos em que compreendi a maldade, sem mesmo perceber. Digo isso porque ao me deparar com a boneca gente no colo de minha mãe, como já disse, não fiquei nenhum pouco feliz, e a situação piorou ainda mais quando levaram aquela criaturinha para viver sob o mesmo teto que eu, tendo que dividir tudo que mais precioso havia no meu pequeno mundo, onde durante 3 maravilhosos anos, eu era a caçula. Estava claro como o ceú de verão, o meu reinado naquele momento havia acabado.

A primeira maldade que lembro ter feito, foi quando minha mãe precisou pegar a pomada, se me lembro bem, e pediu para eu tomar conta da boneca gente, aproveitei em poucos segundos e belisquei com toda força que os meus pequenos dedidnhos conseguiam apertar. Minha mãe veio correndo e eu lembro de ficar olhando e dizendo: “só chora, criança chata”.

Com o passar dos anos a boneca gente ainda me perturbou bastante e ao mesmo tempo foi minha companheira, dividimos o mesmo quarto durante 15 anos, na adolescência ela detestava emprestar suas coisas, mas adorava pegar as minhas, sem pedir.

Na adolescência durante uma época fomos amigas, saíamos juntos, íamos pras baladas, até que ela ficou mais velha, madura, cabeça e na sua concepção minhas amigas e eu fazíamos parte do “mundo dos sem noção”.

Crescemos, ela foi para um lado, eu fui para outro, depois fui para o mesmo lado que ela, depois ainda voltei para o lado onde estava antes e assim é a vida, hora juntas , hora separadas.

Hoje a boneca gente, chama-se Marcela, nome escolhido por mim aos 3 anos, fui logo avisando, ou esse nome ou eu não gostaria do bebê, algumas pessoas tem personalidade forte desde que nascem, ou são simplesmente implicantes.

Nessa data tão querida só posso desejar a ela muita alegria, muitos momentos felizes, paz de espírito, paz no lar, amor, muito amor, realizações, que nunca perca a meiguice e que sempre seja minha amiga.

Desejo a ela, tudo isso e muito mais porque ela sabe que eu a amo infinito todos os dias e que nos domingos esse amor é ainda em dobro.

Aos 30&Alguns comemoro a milhares de kms de distância o aniversário da minha Boneca Gente. 😉

By Veri Serpa Frullani

Veri Serpa Frullani, brasileira, mãe e esposa, atualmente vive em Dubai, já morou em Nova York, São Paulo e Rio de Janeiro. Bacharel em Turismo, produtora multimída, escritora, designer de acessórios, também é editora do Portal Vida Adulta, do Geek Chic e do Firma Produções. Já editou os extintos Brazilians Abroad e Comida Brasileira. Veri Serpa Frullani tem presença e influência na internet desde 1999, já foi colaboradora de vários projetos e sites, entre eles TechTudo, Digital Drops, Olhar Digital e dos extintos Nossa Via e Deusario.

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