Um amigo veio me visitar, fazia um bom tempo que a gente não se via, ele veio passar o carnaval na cidade que um dia já foi maravilhosa e na quarta-feira de cinzas, acabou passando aqui em casa. Encontrá-lo é sempre muito bom, muito papo, muitas coisas em comum.

Faz um ano que ele mudou-se para outro estado e como no momento está sem carro, disse que não ia embora tarde, porque não sente mais firmeza em ficar andando na rua a noite , tão pouco ficar parado em ponto de ônibus e eu logo concordei, pois não sinto a menor vontade de sair à noite se realmente não tiver necessidade.

Na hora em que ele resolveu ir, eu resolvi acompanhá-lo até certo ponto, dessa forma daria a última volta do dia com o Thor e ele poderia fazer suas necessidades.

Estamos caminhando, paramos para bater um papo rápido, aquele da hora da despedida, em que algumas outras palavras são ditas e a conversa é estendida por alguns minutos, quando de repente vimos um Sr. Garí atravessando a rua e segurando dois sacos enormes de lixo.

Nesse momento um taxista descendo a rua, ao vê-lo acelerou, o Sr. Garí deu um pulo para trás, jogou os sacos e conseguiu não ser atingido, o taxista acelerou e foi embora como se nada tivesse acontecido.

Não passou nem mesmo um minuto, o Sr. Garí (devia ter uns 50 e muitos) foit tentar novamente, não havia carro perto, ele poderia atravessar e acabar de juntar o lixo do outro lado da rua, quando de repente simplesmente o carro que estava descendo a rua, acelerou, quase o atropelou e dessa vez o Sr. Garí não conseguiu jogar o lixo para trás, sendo assim o carro passou por cima dos sacos que ficaram no meio da rua, cantou pneu e foi-se embora como se o Sr. Garí, fosse invisível, ou fosse tão lixo quanto os sacos que estava tentando levar para o outro lado da rua.

O que mais incomoda é a falta de respeito ao ser humano, os dois motoristas naquele momento se consideraram MELHOR do que o Sr. Garí, eu só não entendo, MELHORES em que. Provavelmente em falta de respeito, de amor ao próximo …

Aos 30&Alguns cada dia que passa vejo que o mundo piora, mas que a nossa cidade piora mais e mais e fico muito triste porque sinceramente eu não consigo imaginar aqui um lugar melhor e muitas vezes me faz pensar até quando aguentarei permanecer perto dos amigos e longe de todos os valores, deveres e direitos que fazem qualquer lugar ser um lugar digno de se morar e chamar de lar.

By Veri Serpa Frullani

Veri Serpa Frullani, brasileira, mãe e esposa, atualmente vive em Dubai, já morou em Nova York, São Paulo e Rio de Janeiro. Bacharel em Turismo, produtora multimída, escritora, designer de acessórios, também é editora do Portal Vida Adulta, do Geek Chic e do Firma Produções. Já editou os extintos Brazilians Abroad e Comida Brasileira. Veri Serpa Frullani tem presença e influência na internet desde 1999, já foi colaboradora de vários projetos e sites, entre eles TechTudo, Digital Drops, Olhar Digital e dos extintos Nossa Via e Deusario.

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