Quando eu era pequena, meu pai sempre diz que era fácil, fácil saber onde eu iria parar ao sair de uma festinha infantil: Hospital 9 de Julho. Diz ele, que eu era impossível, não que eu aprontasse nas festas, corresse, não me comportasse. Nada disso. Eu simplesmente ficava enlouquecida com os quitutes, acabava comendo escondida. No final da festa lá íamos nós para o hospital.

Durante a minha adolescência eu comia doces, brigadeiro, pavê, pudim de leite, bolo de chocolate, cenoura ou formiga, nada muito adocicado. Nunca fui fã de bomba de chocolate, caixas de chocolate, chantilly, merengue… nada dessas coisas extra-doce.

Lembro-me que quando tinha trabalho de escola para fazer em grupo, a galerinha “aborrescente” ia lá para casa, e eu toda me achando a cozinheira, fazia o meu famoso pavê com biscoito champagne.

Quando fiz uns 17/18 anos, não sei o que me deu, mas não conseguia mais comer doces. Nenhum. Achava tudo doce demais. Nem açúcar no suco eu colocava. Fiquei tão preocupada que fui ao médico.

Minha mãe sempre nos ensinou que se a gente não estivesse se sentindo bem, ou se percebêssemos que algo estava errado, que era para falar, que o certo era ir ao médico. Então logo que percebi que não gostava nem um tiquinho de doces, perguntei para o doutor se era sério, se poderia ser diabetes. Nem sei porque pensei isso, talvez fosse porque meu avô tinha diabetes.

Então sempre que me oferecessem uma sobremesa, minha resposta é a mesma: não, obrigada, não como doces.

Meu marido ri, porque agora eu como chocolate (adoro), como “danone”, danette, bolo de chocolate (mas só se tiver cobertura de chocolate ou de brigadeiro), pudim de leite (de vez enquando), mas na minha cabeça, pra mim, eu não como doce.

Esse final de semana, minha mãe fez um bolo de chocolate com cobertura de brigadeiro e pedaços de morango. Gente, amei tanto o bolo, que comi tanto, que passei mal. O pior de tudo é que lá no fundo eu ainda acho que não como doce, porque hoje na hora de beber o suco, eu achei ótimo com pouquíssimo açúcar, afinal de contas eu não como doces.

Isso me lembrou uma amiga minha que não fuma. Fazem 10 anos que ela não fuma. Toda festa que a gente vai, ela explica que não fuma a mais ou menos uns 10 anos. Aí ela bebe e então ela fuma. Na próxima vez que nos encontrarmos e perguntar se ela fuma, ela vai dizer que parou já fazem uns 10 anos.

Conclusão: ela não fuma há 10 anos e eu não gosto de doce.

Aos 30&alguns posso dizer que a mente humana tem cada uma, que vai lá entender.

By Veri Serpa Frullani

Veri Serpa Frullani, brasileira, mãe e esposa, atualmente vive em Dubai, já morou em Nova York, São Paulo e Rio de Janeiro. Bacharel em Turismo, produtora multimída, escritora, designer de acessórios, também é editora do Portal Vida Adulta, do Geek Chic e do Firma Produções. Já editou os extintos Brazilians Abroad e Comida Brasileira. Veri Serpa Frullani tem presença e influência na internet desde 1999, já foi colaboradora de vários projetos e sites, entre eles TechTudo, Digital Drops, Olhar Digital e dos extintos Nossa Via e Deusario.

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