Engraçado, para não dizer patético, como a nossa sociedade vive, no dia 24/12 em algumas lojas de departamentos conhecidas, não era possível mais encontrar nenhum enfeite de natal, as prateleiras já estavam sendo reorganizadas com trecos e tralhas para o reveillon e o carnaval, afinal nessa época do ano o país para, quer você goste ou não de carnaval, você para de trabalhar, tem feriado, curte de montão, é uma beleza só.

Isso se você não morar em umas das ruas que passam os blocos da cidade do Rio de Janeiro, nessa época do ano sinto pena de todos os moradores por exemplo, da Rua Farme de Amoedo em Ipanema, pois é por lá que fica a concentração ou onde se reunem pessoas que estavam seguindo os blocos que passam pelo bairro. A Farme é conhecida como reduto GLBTS, nada contra, tenho amigos homossexuais e bissexuais, mas convenhamos que um grupo grande de homens reunidos, bebendo cerveja e urinando nas vias públicas é extremamente nojento e o cheiro que fica no local é deprimente. Sem contar o fato, de que é bem comum ver casais se atracando ou até mesmo tendo algum tipo de relação mais íntima em plena rua.

“Mas até os mais apaixonados pelo carnaval reclamam do dia seguinte. “O cheiro de urina na cidade é insuportável”, afirma um jovem.” – G1/2007

Além do cheiro nojento de urina que paira pelo ar da cidade que um dia já foi maravilhosa, se dependermos do governo, acreditaremos piamente que é apenas nessa época do ano que as pessoas transmitem o vírus HIV, apenas nessa época que vemos campanhas e mais campanhas a respeito dos perigos da AIDS.

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O resto do ano, creio que o governo, não apenas esse, como os anteriores, não acreditam que o vírus seja transmitido. Acho que estão faltando algumas aulas com alguns médicos para explicá-los que o vírus está aí durante o ano inteiro e não apenas no carnaval. Não é fruta, que tem safra e períodos do ano para colher.

Mundialmente somos conhecidos pelo carnaval, eu particularmente acho que é degradante ter vídeos durante a época do carnaval com uma mulher negra sambando praticamente nua, essa é a imagem que vendemos para o mundo e para as nossas crianças.

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Certa vez na faculdade, uma professora disse que o carnaval se reflete na auto-imagem que o povo brasileiro tem de si mesmo, que se orgulha do carnaval por ser conhecido mundialmente, por ser a única época do ano que “desaparecem”as diferenças de credo, religião, … que a nudez do carnaval era a maior fantasia de todas, pois nús somos todos iguais, não há roupa, não há marca, não há nada que nos difere socialmente.

Eu gosto de samba, prefiro samba de raíz, não sou contra o carnaval, sou contra a baixaria que fazem questão de valorizar no carvanal, as milhares de mulheres nuas, em sua maioria negras, que me fazem lembrar a época das senzalas, onde as “mulatas” mais bonitas eram símbolos sexuais para os patrões e os serviam sexualmente.

Essas lindas mulatas, na sua maioria no final do carnaval, voltam a trabalhar como caixa de supermercado, empregadas domésticas, etc.

Aos 30&Alguns eu considero o carnaval um rito de passagem, já que naqueles poucos dias, uma grande parte dos foliões podem ascender socialmente (imaginário coletivo), não precisam fazer nada para mudarem sua realidade objetiva, os mais marginalizados, moradores de comunidades carentes, naqueles poucos dias deixam de serem excluídos e fazem parte do todo, da festa, da ilusão temporária que somos todos iguais, quando no dia a dia, não o somos.

Dados carnaval 2007:
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By Veri Serpa Frullani

Veri Serpa Frullani, brasileira, mãe e esposa, atualmente vive em Dubai, já morou em Nova York, São Paulo e Rio de Janeiro. Bacharel em Turismo, produtora multimída, escritora, designer de acessórios, também é editora do Portal Vida Adulta, do Geek Chic e do Firma Produções. Já editou os extintos Brazilians Abroad e Comida Brasileira. Veri Serpa Frullani tem presença e influência na internet desde 1999, já foi colaboradora de vários projetos e sites, entre eles TechTudo, Digital Drops, Olhar Digital e dos extintos Nossa Via e Deusario.

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